sexta-feira, 11 de outubro de 2019

FONTES PRÉ PROFISSIONAIS

Não me recordo muito bem, mas acredito que na minha época a escola já era direito de todos e dever do Estado, por isso, já havia escolas públicas e creches (muitas mantidas pela igreja católica). O uso das creches era para possibilitar emprego para os moradores da comunidade e para que as crianças pudessem ficar enquanto seus pais trabalhavam, a educação estava mais vinculada ao cuidar do que ao ensinar. Por isso, ainda hoje, encontramos principalmente nas creches a educação vinculada ao cuidar, estabelecendo uma certa resistência em enxergar aquele ambiente, como espaço de ensino-aprendizagem.
Comecei a estudar com três anos de idade, minha primeira escola se chamava Educandário Reino Infantil, que se localizava na rua (Princesa Isabel- Joaquim Romão), a mesma rua da minha casa. Por ser uma escola de bairro, sua estrutura era uma casa, onde os cômodos eram as salas de aula, era uma escola tradicional em que a afetividade sempre esteve presente.
Para Freire (2000), a leitura é a maneira de poder interpretar o mundo e poder interferir e modifica-lo através de uma ação. Sempre gostei de ler, para mim, a leitura estar muito além de apenas descodificar as letras, ela desperta no indivíduo, vários sentidos, e despertou em mim a imaginação e o amor pela educação.
Aprendi a escrever antes de ler. Na verdade, meu pai foi meu primeiro professor, pois no tempo em que ficava com ele na sua venda, ele ensinava a escrever meu nome.
O meu processo de alfabetização foi muito prazeroso e tranquilo. Fui alfabetizada pelo método silábico, de origem sintética. Neste método apresenta-se primeiro uma letra, associada a alguma figura e dessa figura surgia uma palavra, para depois as palavras e posterior os textos, ou seja, começa-se estudar pela menor parte (vogais, consoantes, as sílabas) para a maior (palavras, frases e textos) todas elas referente à sílaba trabalhada.
Apesar de este método ensinar de maneira fragmentada, não me impediu de ter um posicionamento crítico, porém limitou um pouco minha escrita, pois não compreendia como se escrevia determinadas palavras, refletindo na minha ortografia. Os assuntos trabalhados pelas minhas professoras sempre envolviam um pouco de lúdico contextualizando com o que aprenderíamos, o assunto era explanado, no entanto não compreendia o por quê de determinadas normas e regras. Por isso em muitas avaliações ( teste/provas) decorava para poder " passar de ano" , o método de avaliar ainda era por nota, tornando o ensino classificatório, limitando as habilidade e aprendizado a um valor de zero a dez.  Para Luckesi (2011), o ato de avaliar não se resume somente ao aprendizado do aluno, mas também ao ensino do professor, havendo uma relação de mútua , observando o aluno em todos os aspectos. Para que isso ocorra , é necessário que a avaliação aconteça em um processo contínuo, gradativamente.  
 Acredito que a maneira como aprendemos algo diz muito sobre a afinidade que teremos ao desenvolver determinada atividade e que para haver uma aprendizagem é necessária ter uma boa relação entre professor e aluno, pois a afetividade contribui no processo de construção do saber. Minha relação como meus professores sempre foi muito boa e foi essa relação de troca, carinho, cumplicidade que me fez despertar um olhar para a educação, pois me encantava com minhas professoras. Para FREIRE (1996): “O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento”. Percebia o cuidado e amor que os meus professores tinham pela a profissão e contemplava a importância da educação com afetividade, que contribuíram e contribuem até hoje na minha formação.

Um comentário:

  1. Oi Letícia,
    Sua narrativa está bem fundamentada, e não deixa de mostrar a sua história na alfabetização de forma refletida e competente. Parabéns pelo texto.

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