Não
me recordo muito bem, mas acredito que na minha época a escola já era
direito de todos e dever do Estado, por isso, já havia escolas públicas e
creches (muitas mantidas pela igreja católica). O uso das creches era
para possibilitar emprego para os moradores da comunidade e para que as
crianças pudessem ficar enquanto seus pais trabalhavam, a educação
estava mais vinculada ao cuidar do que ao ensinar. Por isso, ainda hoje,
encontramos principalmente nas creches a educação vinculada ao cuidar,
estabelecendo uma certa resistência em enxergar aquele ambiente, como
espaço de ensino-aprendizagem.
Comecei
a estudar com três anos de idade, minha primeira escola se chamava
Educandário Reino Infantil, que se localizava na rua (Princesa Isabel-
Joaquim Romão), a mesma rua da minha casa. Por ser uma escola de bairro,
sua estrutura era uma casa, onde os cômodos eram as salas de aula, era
uma escola tradicional em que a afetividade sempre esteve presente.
Para
Freire (2000), a leitura é a maneira de poder interpretar o mundo e
poder interferir e modifica-lo através de uma ação. Sempre gostei de
ler, para mim, a leitura estar muito além de apenas descodificar as
letras, ela desperta no indivíduo, vários sentidos, e despertou em mim a
imaginação e o amor pela educação.
Aprendi
a escrever antes de ler. Na verdade, meu pai foi meu primeiro
professor, pois no tempo em que ficava com ele na sua venda, ele
ensinava a escrever meu nome.
O
meu processo de alfabetização foi muito prazeroso e tranquilo. Fui
alfabetizada pelo método silábico, de origem sintética. Neste método
apresenta-se primeiro uma letra, associada a alguma figura e dessa
figura surgia uma palavra, para depois as palavras e posterior os
textos, ou seja, começa-se estudar pela menor parte (vogais, consoantes,
as sílabas) para a maior (palavras, frases e textos) todas elas
referente à sílaba trabalhada.
Apesar
de este método ensinar de maneira fragmentada, não me impediu de ter um
posicionamento crítico, porém limitou um pouco minha escrita, pois não
compreendia como se escrevia determinadas palavras, refletindo na minha
ortografia. Os assuntos trabalhados pelas minhas professoras sempre
envolviam um pouco de lúdico contextualizando com o que aprenderíamos, o
assunto era explanado, no entanto não compreendia o por quê de
determinadas normas e regras. Por isso em muitas avaliações (
teste/provas) decorava para poder " passar de ano" , o método de avaliar
ainda era por nota, tornando o ensino classificatório, limitando as
habilidade e aprendizado a um valor de zero a dez. Para Luckesi (2011),
o ato de avaliar não se resume somente ao aprendizado do aluno, mas
também ao ensino do professor, havendo uma relação de mútua , observando
o aluno em todos os aspectos. Para que isso ocorra , é necessário que a
avaliação aconteça em um processo contínuo, gradativamente.
Acredito
que a maneira como aprendemos algo diz muito sobre a afinidade que
teremos ao desenvolver determinada atividade e que para haver uma
aprendizagem é necessária ter uma boa relação entre professor e aluno,
pois a afetividade contribui no processo de construção do saber. Minha
relação como meus professores sempre foi muito boa e foi essa relação de
troca, carinho, cumplicidade que me fez despertar um olhar para a
educação, pois me encantava com minhas professoras. Para FREIRE (1996):
“O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a
intimidade do movimento do seu pensamento”. Percebia o cuidado e amor
que os meus professores tinham pela a profissão e contemplava a
importância da educação com afetividade, que contribuíram e contribuem
até hoje na minha formação.